domingo, março 03, 2013

DA SÉ VACANTE AO CONCLAVE


Os católicos de todo o mundo têm o domingo sem a habitual presença do Papa para a reza do Ângelus, ao meio-dia de Roma, após a renúncia de Bento XVI. 

As janelas do apartamento pontifício sobre a Praça de São Pedro vão permanecer fechadas, após a partida do Papa emérito para Castel Gandolfo, arredores de Roma, no final do seu pontificado, esta quinta-feira. Este momento representou o início da Sé vacante, o interregno em que a Igreja, sob o governo interino dos cardeais, se prepara para a eleição de um novo pontífice.

A “vacância da Sé apostólica” é regulada segundo as disposições da Constituição Apostólica ‘Universi Dominici Gregis’ (1996) de João Paulo II, segundo a qual se confiam ao Colégio Cardinalício “o despacho dos assuntos ordinários ou inadiáveis” e a preparação da eleição do novo Papa. 
As reuniões (congregações) gerais dos cardeais têm início marcado para às 9h30 (menos quatro em Brasília) de segunda-feira, após o envio da convocação por parte do decano (presidente) do Colégio Cardinalício, D. Angelo Sodano.

A Igreja conta atualmente com 207 cardeais, 117 dos quais com direito a voto, por terem menos de 80 anos no início da Sé vacante. As congregações gerais terão de tomar uma série de decisões, do alojamento dos cardeais aos preparativos para o processo de eleição na Capela Sistina, antes de determinar a data de início do próximo Conclave. Além destas reuniões há “congregações particulares”, com a presença do cardeal camerlengo e três cardeais, sorteados a cada três dias. A Câmara Apostólica, presidida pelo camerlengo, D. Tarcisio Bertone, secretário de Estado de Bento XVI, tem como função de “custodiar” os bens da Igreja. Durante este período, deixam os seus cargos o secretário de Estado do Vaticano, os prefeitos das Congregações, os presidentes dos Conselhos Pontifícios e os membros de todos os dicastérios, à exceção dos secretários.

As instituições do Vaticano usam o brasão da Sé vacante: duas chaves de ouro e prata, símbolo do papado, cobertas pelo ‘umbraculum’ (pequeno chapéu, em português), uma insígnia histórica dos pontífices. As congregações gerais, com a participação dos cardeais com mais de 80 anos, vão definir a data para o início do Conclave, 15 a 20 dias após o final do pontificado – tempo de espera que pode ser antecipado desde que se encontrem em Roma “todos os eleitores”, por determinação de Bento XVI.

Os escrutínios na Capela Sistina terão início de tarde, com apenas uma votação; nos dias seguintes, haverá lugar a duas votações de manhã e de tarde até que se chegue à maioria de dois terços necessária para a eleição do sucessor de Bento XVI (77 votos se for confirmado o atual número de 115 participantes no próximo Conclave). Caso não se tenha verificado uma eleição, as operações de voto serão interrompidas ao fim de três dias, para uma pausa de reflexão e oração, interrupção que se repete, sucessivamente, a cada 7 escrutínios.



ORIENTAÇÕES LITÚRGICAS PARA O PERÍODO DE SÉ VACANTE

1 – OMISSÃO DA CITAÇÃO DO NOME DO PAPA NA ORAÇÃO EUCARÍSTICA E NA LITURGIA DAS HORAS.
Durante todo o período de Sé Vacante, ou seja, desde as 16:00 horas do dia 28 de fevereiro de 2013 até a eleição do novo Papa, se omite a citação do nome do Santo Padre na Oração Eucarística e o mesmo não é substituído por nenhum outro nome. Na oração da Liturgia das Horas se omitem as intercessões pelo Papa.

2 –  ORAÇÃO PELA ELEIÇÃO DO PONTÍFICE
Durante este período, se recomenda, entretanto, que os pastores e fiéis permaneçam em oração pela eleição do novo Papa. Pode-se celebrar nos dias de semana a Missa “Por várias necessidades: Para a Eleição do Papa” (Missal Romano), com a cor litúrgica do tempo da quaresma. Encoraja-se também realização de Hora Santa ou a recitação pública do rosário pela eleição do Papa.

3. APÓS A ELEIÇÃO DO SANTO PADRE
Como estabelece a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis:
“88. Depois da aceitação, o eleito que tenha já recebido a Ordenação episcopal, é imediatamente o Bispo da Igreja de Roma, verdadeiro Papa e Cabeça do Colégio Episcopal; e adquire efetivamente o poder pleno e absoluto sobre a Igreja universal, e pode exercê-lo. Se, pelo contrário, o eleito não possuir o caráter episcopal, seja imediatamente ordenado Bispo.”
Assim sendo, a partir do momento do anúncio da eleição do Pontífice, toda a Igreja passa a recordar do Papa como de costume.