quarta-feira, janeiro 01, 2014

SOLENIDADE DE SANTA MARIA MÃE DE DEUS - OITAVA DO NATAL DO SENHOR


Lucas nos apresenta o “encontro” dos pastores “com o Menino”, o qual está acompanhado de Maria, sua Mãe, e de José.
A discreta presença de José sugere a importante missão de ser custódio do grande mistério do Filho de Deus. Todos juntos, pastores, Maria e José, são como uma imagem preciosa da Igreja em adoração.
“A Manjedoura”: Jesus já está na manjedoura, numa noite alusiva à Eucaristia. Foi Maria quem o colocou lá! Lucas fala de um “encontro”, de um encontro dos pastores com Jesus. Sem a experiência de um “encontro” pessoal com o Senhor, a fé não acontece. 
Somente este “encontro pessoal ”,  “ver com os próprios olhos”, e em certa maneira um “tocar”, faz com que os pastores sejam capazes de chegar a ser testemunhas da Boa Nova, verdadeiros evangelizadores que podem dar a conhecer o que lhes haviam dito sobre aquela Criança. "Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino" (Lc 2,17).
Aqui vemos o primeiro fruto do “encontro” com Cristo: "Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores" (Lc 2,18). Devemos pedir a graça de saber suscitar este “maravilhamento”, esta admiração naqueles a quem anunciamos o Evangelho.
 A adoração do Menino lhes enche o coração de entusiasmo por comunicar o que viram e ouviram, e a comunicação do que viram e ouviram os conduz até a pregaria de louvor e de ação de graças, à glorificação do Senhor
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"...No coração de Maria, no olhar doce e terno, sempre tiveste na vida um apoio materno. Desde Belém, Nazaré, só viveu para te servir; quando morrias na cruz tua Mãe estava ali. Mãe amorosa da Igreja, quer ser nosso auxílio, reproduzir nos cristãos as feições de seu Filho. Como ela fez em Caná, nos convida a te obedecer. Eis aqui os teus servos, Senhor".
A Solenidade da Mãe de Deus , no coração das celebrações do Santo Natal, é um renovado momento de graça oferecido a todos nós para nos ajudar a aprofundar a contemplação do mistério da Encarnação.
Para nos dizer uma vez mais que o Filho de Deus veio verdadeiramente na nossa carne humana, no tempo, através de um corpo de uma mulher (segunda leitura): Maria, a totalmente santa, toda consagrada ao amor de Deus e ao amor dos homens.
Não precisamos de ler adivinhações para saber alguma coisa acerca do novo ano. Sabemos que sejam quais forem os acontecimentos que se apresentem nos próximos doze meses, não seremos os únicos a enfrentá-los. 
Prosseguiremos o caminho da vida sustentados pela fé, pelo sentido da presença de Deus no tempo, na nossa história a qual, graças a Deus, não é já um desenrolar absurdo e trágico de fatos que têm como destino a morte, mas é uma sucessão de acontecimentos de salvação. 
Os dias da escravidão mudam-se para tempo de liberdade: somos, de fato, “filhos” que podem invocar Deus com o nome de “Abbá, Pai” (Gl 4,6). Tudo então – a Palavra de Deus testemunha-o - “concorre para o nosso bem” (Rm 8,28), também o sofrimento, as doenças e as várias provações.
Fortalecidos com esta certeza de fé, somos impelidos, como os pastores do Evangelho, a anunciar aos irmãos a alegre notícia de que Deus se fez homem para tornar o homem participante da vida divina.
O Salvador – nascido de uma mulher, como nós – assumiu a nossa humanidade para nos dar a Sua glória, Somos filhos no Filho bendito, que é também a nossa paz. E Maria não é somente Mãe de Deus, mas também Rainha da Paz; é Mãe, não só de Jesus, mas também de cada um de nós; é Aquela sobre a qual Deus fez brilhar a luz do seu rosto (primeira leitura); é a terra bendita, que produziu o seu fruto (salmo responsorial). 
Olhando para Ela, podemos descobrir o segredo para chegar à verdadeira paz com Deus, com os irmãos, com a Criação, e antes de mais conosco mesmos. 
Trata-se de aprender d'Ela e com Ela a escutar o Senhor que nos diz com a sua Palavra, com os acontecimentos em cada dia. Com efeito, o destino da Maria, que “pelo poder do Espírito Santo concebeu o seu Filho Unigênito e, sem perder a glória da sua virgindade, deu ao mundo a luz eterna, Jesus Cristo, Nosso Senhor” (prefácio). 
É certamente privilegiado e único – tal como se realizou na história – mas também nós somos chamados, segundo as palavras do Evangelho (Mt 12,50) a tornarmo-nos, como Ela, mães de Cristo, nossa paz. E isso acontecerá se, dia após dia, aderirmos com amor à vontade de Deus, Então, o ano que começa será certamente para nós um “Kairós”, isto é, um Tempo de Graça.

cf. Casarin, Giuseppe, Leccionário Comentado. Advento- Natal, Paulus, 2009
Ó Deus, que pela virgindade fecunda de Maria destes à humanidade a salvação eterna, dai-nos contar sempre com a sua intercessão, pois ela nos trouxe o autor da vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.




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