segunda-feira, outubro 06, 2014

PAPA FRANCISCO INAUGURA O SÍNODO DA FAMÍLIA


O Santo Padre pretende levantar  uma discussão para explorar com "cuidado um pouco mais profundo a  pastoral do matrimônio", incluindo a questão da elegibilidade dos católicos divorciados e recasados ​​para receber Comunhão.
Para também discutir os "desafios pastorais para a família no contexto da evangelização".
O  que é especial sobre este sínodo é que é um evento de duas partes. 
As discussões sobre este III Sínodo Extraordinário, que começou neste domingo, não vai chegar a conclusões definitivas, mas irá definir a agenda para um encontro maior de bispos na 
XIV Assembleia Geral Ordinária
a ser realizada em outubro do próximo ano, cujo tema será: "Jesus Cristo revela o mistério e a vocação da família". Esse encontro vai oferecer propostas para aprovação do Papa para um documento final.
 MISSA CELEBRADA  NA BASÍLICA VATICANA.
Concelebraram com o Pontífice, cerca de 190 padres sinodais que nesta segunda-feira, no Vaticano, debateram o tema “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”.

Comentando as leituras do XXVII Domingo do Tempo Comum, a imagem da vinha do Senhor inspirou a homilia do Santo Padre, por representar o projeto de Deus para a humanidade.
O “sonho” do Senhor é o seu povo: Ele plantou-o e cultiva-o, com amor paciente e fiel, para se tornar um povo santo, um povo que produza muitos e bons frutos de justiça. Mas tanto na antiga profecia como na parábola de Jesus, o sonho de Deus fica frustrado, pois a ganância e a soberba dos agricultores, aos quais a vinha foi confiada, impediram-lhes de cultivá-la.
“A tentação da ganância está sempre presente”, constatou o Papa. "A ganância de poder e de dinheiro." E os agricultores arruínam o projeto do Senhor pois não trabalham para Ele, mas só para os seus interesses, "carregando sobre os ombros do povo pesos insuportáveis". Quando, na verdade, a tarefa dos líderes do povo é cultivar a vinha com liberdade, criatividade e diligência.
“Também nós somos chamados a trabalhar para a vinha do Senhor, no Sínodo dos Bispos”, disse Francisco, recordando que as assembleias sinodais não servem para discutir “ideias bonitas e originais, nem para ver quem é mais inteligente… 
Servem para cultivar e guardar melhor a vinha do Senhor, para cooperar no seu sonho, no seu projeto de amor a respeito do seu povo.
Neste caso, o Senhor pede-nos para cuidarmos da família, que, desde os primórdios, é parte integrante do desígnio de amor que ele tem para a humanidade”.
Todavia, advertiu o Papa, há sempre um risco à espreita, ou seja, de que a ganância e a hipocrisia deixem que alguns servidores de Deus caiam na tentação de se apoderar de sua vinha. 
Para não frustrar o sonho do Senhor, é preciso se deixar guiar pelo Espírito Santo, que dá a sabedoria e a capacidade de trabalhar com liberdade e criatividade.
“Irmãos sinodais, para cultivar e guardar bem a vinha, é preciso que os nossos corações e as nossas mentes sejam guardados em Cristo Jesus pela "paz de Deus que ultrapassa toda a inteligência", como diz São Paulo. 
Assim, os nossos pensamentos e os nossos projetos estarão de acordo com o sonho de Deus: formar para Si um povo santo que Lhe pertença e produza os frutos do Reino de Deus”, concluiu o Pontífice.
III ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS SOBRE A FAMÍLIA 
Nesta manhã do dia 6 de outubro, o Sínodo sobre a família, contou com a comunicação do relator-geral do Sínodo, Cardeal Peter Erdo. O purpurado, primaz da Hungria proferiu um longo discurso onde procurou descrever o panorama de início do sínodo. Dividiu a sua intervenção em três partes fundamentais: 1- O Evangelho da família no contexto da evangelização; 2- As situações pastorais difíceis 3- A família e o Evangelho da vida
Começando por sublinhar que a mensagem de Cristo não é cômoda, mas exigente porque “requer a conversão dos nossos corações”, o cardeal Erdo deixou claro que é “necessária a incessante compreensão e atualização do Evangelho da família que o Espírito sugere à Igreja. Mesmo as problemáticas familiares mais graves devem ser consideradas como um sinal dos tempos, a discernir à luz do Evangelho: a ser lido com os olhos e o coração de Cristo e o seu olhar em casa de Simão, o fariseu.”
Cardeal Erdo  refletiu: “Devemos, pois, recordar que a assembleia extraordinária de 2014 é a primeira etapa de um caminho eclesial que desaguará na assembleia ordinária de 2015. Daí deriva que a linguagem e as indicações devem ser tais que promovam o aprofundamento teológico mais nobre, para escutar com a máxima atenção a mensagem do Senhor, encorajando, ao mesmo tempo, a participação e a escuta da comunidade dos fieis. Por isso, é importante a oração por forma que o nosso trabalho dê os melhores frutos, aqueles que Deus quer.”
Esclarecendo, desta forma, a metodologia do trabalho proposto para as duas semanas de trabalho sinodal, o cardeal Erdo, de imediato se referiu à necessidade de clareza nos percursos formativos dos noivos nas comunidades. Declarando que existe incerteza nos jovens que aspiram ao sacramento do matrimónio afirmou que estes “requerem motivação para vencerem os seus legítimos medos” observando que o seu desejo é serem acolhidos por uma comunidade”.

A família é, assim, protagonista da evangelização e em particular o cardeal Erdo sublinhou a importância e a necessidade de que “a paróquia se faça próxima como uma família de famílias”. 
Tudo isto porque as famílias vivem dificuldades que se fazem sentir internamente e também pressionadas pelo ambiente externo: A família vive num contexto relacional não sendo “um fragmento isolado”, sendo “necessário não a deixar sozinha mas acompanhar e apoiar o seu caminho” – declarou ainda o cardeal Erdo que concluiu a sua intervenção afirmando o grande desafio deste sínodo sobre a família:
“O desafio a acolher da parte do Sínodo é, precisamente, de conseguir propor novamente ao mundo de hoje, em certos aspetos tão parecido com aquele dos primeiros tempos da Igreja, o fascínio da mensagem cristã no que diz respeito ao matrimônio e à família, sublinhando a alegria que dão, mas, ao mesmo tempo, de dar respostas verdadeiras e impregnadas de caridade aos tantos problemas que especialmente hoje tocam a existência da família.”

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