domingo, março 29, 2015

DOMINGO DE RAMOS NA PARÓQUIA SÃO CONRADO 2015


Nossa celebração de hoje inicia-se com o Hosana! E culmina no crucifica-o! Mas este não é um contrassenso; é, antes, o coração do mistério. 
O mistério que se quer proclamar é este: Jesus se entregou voluntariamente a sua Paixão; não se sentiu esmagado por forças maiores do que Ele (Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade: Jo 10,18); foi Ele que, perscrutando a vontade do Pai, compreendeu que havia chegado a hora e a acolheu com a obediência livre do filho e com infinito amor para os homens: “… sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).
A Igreja nos lembra que a entrada triunfal vai perpassar todos os passos da Paixão de Cristo. 
Terminada a procissão mergulha-se no mistério da Paixão de Jesus Cristo: Em Is 50 4-7 descreve o Servo sofredor, na esperança da vitória final. 
Vemos nele a própria pessoa de Jesus Cristo. Em Fl 2,6-11 temos a chave principal de todo o mistério deste Domingo de Ramos: Jesus humilhou-se e por isso Deus o exaltou!
Homilia de Padre Marcos Belizário Ferreira
A compreensão da Paixão e Morte de Jesus como serviço está presente em três cenas, na narrativa de Marcos. A primeira, na Última Ceia. Jesus anuncia a traição de alguém do grupo, mas não o expulsa. Toma pão e vinho, os consagra como seu Corpo e Sangue e oferece ritualmente sua vida a toda humanidade. 
Mesmo sabendo que seria traído e abandonado pelos seus, se faz dom para que possam viver plenamente. Na cena da Última Ceia se contempla também o convite, para que todos comunguem do pão e do vinho e participem de sua Páscoa. Jesus é fiel ao projeto do Pai, mesmo diante da traição humana. A exemplo do profeta e do salmista suporta todo tipo de sofrimento, físico e psicológico, porque sua força está em Deus e vem de Deus.
A segunda cena é a oração de Jesus, no Getsemani. Marcos relata o conflito psicológico na alma de Jesus: sofrimento, ansiedade, angustia profunda... Neste clima, começa a rezar uma prece muito simples: “se for possível afasta de mim este cálice, mas seja feita a tua vontade”.

 Jesus se confia ao Pai. O que aconteceu durante a oração? Inicia-se agitada; Jesus não consegue ficar calmo, nem permanecer no mesmo lugar. Reza e volta aos discípulos e os encontra dormindo. 
Acorda-os e pede que vigiem com ele. Depois, a oração o introduz num clima de serenidade, a ponto de ser capaz de se oferecer em oblação ao Pai, apesar do terrível cálice que precisaria beber. Uma oração que o acompanha até o momento da Cruz. Os discípulos fogem; não rezaram com Jesus e nem como Jesus; dormiram. Por isso, não foram capazes de amadurecer na oração a confiança depositada no Pai. A Paixão se compreende a partir da oração silenciosa.
Por fim, a terceira cena: a crucifixão de Jesus. Jesus tem ao seu lado dois ladrões e, aos seus pés, mulheres chorosas. Nenhum deles pode ajudá-lo. Está entre homens e mulheres e ninguém pode socorrê-lo.
 É a cena da solidão e do abandono, da humanidade incapaz de socorrer a dor de Deus. Por isso, Jesus se confia ao Pai gritando e expondo seu abandono: “por que me abandonastes?” 
Aqueles que passam debaixo da Cruz riem e desafiam Jesus: “salvou os outros, mas não pode salvar-se a si mesmo”. Eles estão certos. Jesus, na Cruz não veio para se auto-salvar, mas para oferecer a vida pela Salvação da humanidade; ali ele se oferece para salvar o mundo. 
 Na cena final, um centurião romano, que falava em nome do poder do mundo disse: “verdadeiramente este homem era filho de Deus”. É o reconhecimento final, que um dia todos repetirão com palavras e com e a própria vida, reconhecendo que Jesus é, verdadeiramente, o Filho de Deus.
Hoje, faz-se em todas as igrejas e comunidades o “gesto concreto de solidariedade”, a Coleta da Campanha da Fraternidade. Sejamos generosos e fraternos; nossa oferta represente um sinal de nosso caminho quaresmal e de nossa sincera conversão a Deus.  
Na Sexta-Feira Santa é feita em todas as igrejas a Coleta para os Lugares Santos, gesto de solidariedade para com os cristãos que 
testemunham a fé e o Evangelho nos lugares bíblicos e, muitas vezes, sofrem enormes dificuldades, perseguições e até o martírio!

Feliz e santa celebração da Páscoa! O Senhor da vida nos conceda a vida!

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