sábado, março 14, 2015

ORAÇÃO DA VIA SACRA NAS RUAS ÁLVARO NIEMEYER E JULIETA NIEMEYER


Em Jesus cumprem-se verdadeiramente as antigas profecias do Servo humilde e obediente, que toma sobre os seus ombros toda a nossa história de sofrimento.

AS SETE PALAVRAS DE JESUS NA CRUZ SÃO UMA OBRA-PRIMA DE ESPERANÇA.
Jesus, lentamente, com passos que também são os nossos, atravessa toda a escuridão da noite, para Se abandonar, confiadamente, nos braços do Pai. É o gemido dos moribundos, o grito dos desesperados, a prece dos falidos. É Jesus!
“Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?” (Mt 27, 46).
É o grito de Job, de todo o homem atingido pela desventura. E Deus cala-Se. Cala-Se, porque a sua resposta está ali, na cruz: é Ele, Jesus, a resposta de Deus, Palavra eterna encarnada por amor.

“Lembra-Te de mim...” (Lc 23, 42).
A prece fraterna do malfeitor, feito companheiro de dor, penetra no coração de Jesus, que nela sente o eco da sua própria dor. E Jesus ouve aquela súplica: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. Sempre redime a dor do outro, porque faz-nos sair de nós mesmos.

“Mulher, eis aí o teu filho!” (Jo 19, 26). 
Trata-se de sua Mãe, Maria, que se encontrava, juntamente com João, ao pé da cruz para afastar o pavor. Enche-o de ternura e de esperança. Jesus já não Se sente sozinho. Como sucede connosco, quando, junto ao leito do sofrimento, temos quem nos ame! Fielmente. Até ao fim. 
“Tenho sede” (Jo 19, 28).
Como a criança pede de beber à mãe; como faz o doente ardendo de febre... A de Jesus é a sede de todos os sedentos de vida, de liberdade, de justiça. E é a sede do maior sedento – Deus –, o Qual, infinitamente mais do que nós, tem sede da nossa salvação.

“Está consumado!” (Jo 19, 30).
Tudo: cada palavra, cada gesto, cada profecia, cada instante da vida de Jesus. A tapeçaria está completa. As mil e uma cores do amor agora reluzem de beleza. Nada se perdeu. Nada foi desperdiçado. Tudo se tornou amor. Tudo consumado para mim e para ti! E, então, o próprio morrer tem um sentido.
“Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem”
 (Lc 23, 34).
Agora, heroicamente, Jesus sai do pavor da morte. Porque, se vivemos no amor gratuito, tudo é vida. O perdão renova, cura, transforma e consola! Cria um povo novo. Põe fim às guerras.

“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” 
(Lc 23, 46).
Já não há o desespero do nada. Mas confiança plena nas suas mãos de Pai, reclinando-Se no seu coração. Porque, em Deus, cada fração se compõe, finalmente, em unidade!
Na morte de Cristo, ruíram todos os tronos do mal, fundados sobre a ganância e a dureza do coração. A morte desarma-nos, faz-nos compreender que estamos sujeitos a uma existência terrena que tem um termo. Mas é diante daquele corpo de Jesus, depositado no sepulcro, que tomamos consciência de quem somos: criaturas que, para não morrer, precisam do seu Criador.
O silêncio que envolve aquele jardim permite-nos ouvir o sussurro de uma brisa suave: “Eu sou o Vivente, e estou convosco” (cf. Ex 3, 14). 
O véu do templo rasgou-se. Finalmente vemos o rosto de nosso Senhor. 
E conhecemos em plenitude o seu nome: misericórdia e fidelidade, para nunca mais ficarmos confundidos, nem mesmo diante da morte, porque o Filho de Deus caminha livre no meio dos mortos (cf. Sal 88, 6 Vulg.).

ORAÇÃO
Protegei-me, ó Deus! Em Vós me refugio.
Vós sois a minha parte de herança e o meu cálice, nas vossas mãos está a minha vida.
Tenho-Vos sempre diante dos olhos, como meu Senhor, estais à minha direita, não poderei vacilar. Por isso, se alegra o meu coração e exulta a minha alma, e também o meu corpo repousa em segurança. Não abandoneis a minha vida na morada dos mortos nem deixeis que o vosso servo conheça a sepultura.
Mostrar-me-eis o caminho da vida, alegria plena na vossa presença,  doçura sem fim à vossa direita. Amen.  (cf. Salmo 15).


D. Giancarlo Maria Bregantini
Arcebispo de Campobasso-Boiano - Italy

Libreria Editrice Vaticana

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