segunda-feira, maio 18, 2015

SANTAS ÁRABE-PALESTINAS: ESPERANÇA PARA UMA TERRA QUE SOFRE


As Beatas irmãs Joana Emília de Villeneuve, da França, Maria Cristina Brando, da Itália; irmãs Maria Baouardy e Maria Alfonsina Danil Ghattas, árabe-palestinas, foram canonizadas na manhã deste domingo (17/05) em cerimônia presidida pelo Papa na Praça São Pedro.
Uma delegação de mais de 2 mil pessoas da Terra Santa participou neste domingo (17/05), na Praça São Pedro, da missa de canonização das beatas palestinas irmã Maria Alfonsina Danil Ghattas e irmã Maria Baouardy.

O grupo foi guiado pelo Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal. O presidente do Estado da Palestina, Mammoud Abbas – recebido em audiência pelo Papa no sábado –, esteve presente na celebração, assim como uma delegação de Israel e representantes muçulmanos.

MILAGRES
Pela intercessão das novas santas árabe-palestinas foram curados milagrosamente um engenheiro na Galileia e um menino siciliano, que estiveram presentes na Praça São Pedro. Irmã Maria Alfonsina Danil Ghattas, fundadora da Congregação das Irmãs do Rosário de Jerusalém, nasceu em 1843 e morreu 1927. Irmã Maria Baouardy, monja da Ordem dos Carmelitas Descalços, nasceu em 1846 e faleceu em 1878. Nesta segunda-feira (18/05), Dom Twal presidirá a missa de ação de graças na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma – o mais antigo templo mariano da Europa, em árabe.
ESPERANÇA
O Diretor do Centro Católico de Estudos e Mídia de Amã, na Jordânia, Pe. Rifat Bader, apresentou as duas novas santas na coletiva realizada na manhã da sexta-feira (15/05), no Vaticano. Em uma região em que “somos circundados por guerra e morte”, Deus nos manda “duas mulheres santas para nos guiar” e o Papa Francisco, no Ano da Vida Consagrada e no mês de maio, dedicado a Maria, nos propõe essas duas figuras femininas que “nos convidam a rezar para que Deus torne as mentes, as almas e os corações mais mansos”, disse o sacerdote.
O Santo Padre em sua Homilia disse:
"Graças ao respeitável testemunho dos apóstolos, muitos acreditaram; e da fé em Cristo ressuscitado nasceram e nascem continuamente as comunidades cristãs. Também nós, hoje, fundamos nossa fé no Senhor ressuscitado, no testemunho dos apóstolos chegado até nós mediante a missão da Igreja. A nossa fé está firmemente ligada ao seu testemunho como a uma corrente ininterrupta desdobrada no decorrer dos séculos não somente pelos sucessores dos Apóstolos, mas por gerações e gerações de cristãos. 
À imitação dos Apóstolos, de fato, cada discípulo de Cristo é chamado a se tornar testemunha da sua ressurreição, sobretudo naqueles ambientes humanos onde é mais forte o esquecimento de Deus e a perda do homem.
Para que isto se realize, é necessário permanecer em Cristo ressuscitado e em seu amor, como nos recordou a Primeira carta de João:  “Quem permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele”. 

Jesus repetiu isto com insistência aos seus discípulos: “Permaneceis em mim…permaneceis no meu amor”. Este é o segredo dos santos: viver em Cristo, unidos a Ele como os ramos à videira, para dar muito fruto. E este fruto não é outra coisa senão o amor.
Este amor resplandece no testemunho da Irmã Joana Emília de Villeneuve, que consagrou a sua vida a Deus e aos pobres, aos doentes, aos encarcerados, aos explorados, tornando-se para eles e para todos sinal concreto do amor misericordioso de Deus.
A relação com Jesus Ressuscitado é o “ambiente” em que vive o cristão e na qual encontra a força para permanecer fiel ao Evangelho, mesmo em meio aos obstáculos e às incompreensões.
“Permanecer no amor”: Isto fez também Irmã Maria Cristina Branco. Ela foi completamente conquistada pelo amor ardente pelo Senhor; e pela oração, pelo encontro coração a coração com Jesus ressuscitado, presente na Eucaristia, recebia a força para suportar os sofrimento e doar-se como pão partido a tantas pessoas afastadas de Deus e famintas de um amor autêntico.

Um aspecto essencial do testemunho a ser dado ao Senhor ressuscitado é a unidade entre vós, seus discípulos, à imagem daquela que subsiste entre Ele e o Pai. Ressoou também hoje no Evangelho a oração de Jesus na vigília da Paixão: “Para que sejam um, assim como nós somos um”. Deste amor eterno entre o Pai e o Filho, que se derrama em nós por meio do Espírito Santo, ganha força a nossa missão e a nossa comunhão fraterna; disto brota sempre novamente a alegria de seguir o Senhor no caminho da sua pobreza, da sua virgindade e da sua obediência; e este mesmo amor chama a cultivar a oração contemplativa.
O experimentou de modo sublime Irmã Maria Baouardy que, humilde e iletrada, soube dar conselhos e explicações teológicas com extrema clareza, fruto do diálogo contínuo com o Espírito Santo. A docilidade ao Espírito a tornou também instrumento de encontro e de comunhão com o mundo muçulmano.
Da mesma forma irmã Maria Alfonsina Danil Ghattas bem entendeu o que significa irradiar o amor de Deus no apostolado, tornando-se testemunha de brandura e de unidade. Ela nos oferece um claro exemplo do quanto seja importante tornarmo-nos uns responsáveis pelos outros, de um viver a serviço do outro.

Permanecer em Deus e no seu amor, para anunciar com a palavra e com a vida a ressurreição de Jesus, testemunhando a unidade entre nós e a caridade para com todos. Isto fizeram as quatro santas hoje proclamadas. 
O seu luminoso exemplo interpela também a nossa vida cristã: como eu sou testemunha de Cristo ressuscitado? Como permaneço nele, como vivo no seu amor? Sou capaz de semear na família, no ambiente de trabalho, na minha comunidade, a semente daquela unidade que Ele nos deu fazendo-nos participar da vida trinitária?

Voltando para casa, levemos conosco a alegria deste encontro com o Senhor ressuscitado; cultivemos no coração o compromisso para viver no amor de Deus, permanecendo unidos a Ele e entre nós, e seguindo as pegadas destas quatro mulheres, modelos de santidade, que a Igreja convida a imitar.

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