segunda-feira, julho 11, 2016

"TOMA CONTA DELE", XV DOMINGO DO TEMPO COMUM



“E quem é o meu próximo?” É a pergunta de quem só se preocupa em cumprira Lei. Interessa-lhe saber a quem deve amar e a quem pode excluir de seu amor. Não pensa nos sofrimentos das pessoas.

Jesus, que vive aliviando o sofrimento dos que encontra em seu caminho , infringindo , se for necessário, a lei do sábado ou as normas de pureza responde-lhe com um relato que denuncia de maneira provocativa todo o legalismo religioso que ignore o amor ao necessitado. 




No caminho que desce de Jerusalém para Jericó, um homem foi assaltado por alguns bandidos . Agredido e despojado de tudo , fica na vala de dejetos, quase morto, abandonado à própria sorte. Não sabemos quem é. Só sabemos que é um “homem”. Poderia ser qualquer um de nós. Qualquer ser humano abatido pela violência, pela desgraça ou pelo desespero. 

“Por acaso” aparece pelo caminho um sacerdote . O texto indica que é por acaso, como se nada tivesse que fazer ali um homem dedicado ao culto. Sua tarefa não é descer até os feridos que estão nas valas. Seu lugar é o templo. Sua ocupação são as celebrações sagradas. Quando chega à altura do ferido , ele “o vê , dá uma volta e passa ao largo”. 

Sua falta de compaixão não é uma reação pessoal, pois também um levita do templo, que passa junto ao ferido, “faz o mesmo”. É antes a tentação que espreita os que se dedicam ao mundo do sagrado: viver longe do mundo real onde as pessoas lutam, trabalham e sofrem . 

Quando a religião não está centrada num Deus, pai dos que sofrem , o culto sagrado pode transforma-se numa experiência que afasta da vida profana , preserva do contado com o sofrimento das pessoas e nos faz caminhar sem reagir diante dos feridos que vemos nas sarjetas. De acordo com Jesus , quem melhor nos podem indicar como devemos tratar os que sofrem não são os homens do culto , mas as pessoas que têm coração . 

Pelo caminho chega um samaritano. Ele não vem do templo, Nem sequer pertence ao povo escolhido de Israel. Vive dedicado a algo tão pouco sagrado como seu pequeno negócio de comerciante. Mas, quando vê o ferido , não se pergunta se é próximo ou não. Comove-se e faz por ele tudo o que pode. É este que devemos imitar. Assim diz Jesus ao legalista: “Vai e faze tu o mesmo.”A quem imitaremos ao encontrar-nos em nosso caminho com as vítimas mais golpeadas pela cris econômica de nossos dias? 




Cf . José Antônio Pagola





“Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no, e foram-se embora deixando-o quase morto. Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado.  Mas um samaritano que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais.”

No Evangelho de hoje Jesus deixa claro que enquanto não retorna: "Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais.” 
(Lc 10,35)


"Nós batizados somos o que fazemos as vezes de Cristo, São Paulo Apóstolo na segunda leitura nos diz que Jesus é a visibilidade do Pai, a Igreja então é a visibilidade de Cristo. A Igreja é Sacramento de Cristo, como Cristo é Sacramento do Pai. Daí que a expressão que poderia passar despercebida: "Toma conta dele!" é um pedido de Jesus para que cada um de nós possamos cuidar um dos outros, sobretudo os que estão "nas valas" do mundo. Tanto quanto meditarmos sobre o sacerdote, o levita e até mesmo o samaritano que encontramos na parábola é justo pensarmos que nós caídos, sofridos, aflitos, fomos ajudados por alguém (qualquer pessoa), que já nos estendeu a mão. Agora erguidos, ajudados e retirados das situações difíceis devemos ajudar aos outros. Porque eu fui ajudado agora devo ajudar àqueles que sofrem."

Trecho da homília 
Padre Marcos