domingo, agosto 14, 2016

DIA DOS PAIS



Neste segundo domingo de agosto, é uma agradável obrigação falar dos pais e para os pais. A todos os pais. Aos pais biológicos e aos pais espirituais. Isto é, aos que geraram e geram a vida pelo caminho da procriação; e aos que alimentaram e alimentam a vida pelo caminho do amor e da educação. Digo isso porque nem sempre os pais biológicos coincidem com os pais que criam as crianças. Existem muitos pais “espirituais” que dedicam, generosamente, a própria vida a filhos gerados por outros.

Geralmente quando se escuta falar de paternidade e maternidade espirituais se pensa logo nos padres, nos religiosos, nas religiosas, nas pessoas que por escolha renunciaram ao matrimônio, a ter a própria família, porém não desistiram de acolher, amar e educar crianças e jovens, filhos dos outros, que encontram nos caminhos da vida.

Eu gostaria colocar no grupo dos pais espirituais, também, todos aqueles homens e mulheres que oferecem um lar, uma família, um amparo, a tantas crianças, adolescentes e jovens que não geraram. Falo dos pais de criação, dos avós, dos padrastos e madrastas, de todos os que acolheram e acolhem, em casa; que trataram e tratam, como verdadeiros parentes de sangue, pessoas muitas vezes antes desconhecidas. Temos exemplos maravilhosos. Nem sempre irmãos e familiares se amam como certos pais não biológicos amam os filhos e as filhas gerados por outros.

De certa maneira, os pais espirituais muitas vezes servem de exemplo aos pais biológicos. Objetivamente, não teriam nenhuma obrigação de amar aquelas crianças. Não foram eles que as colocaram no mundo! No entanto, devemos reconhecer que muitos pais de criação têm conquistado o coração dos seus filhos, justamente pelo carinho, pela acolhida e pela bondade dispensada. Não podendo dizer ao filho: “Fui eu que te coloquei no mundo”, somente podem conquistar os seus “filhos” pelo bom exemplo e pelo amor.

Criar um filho é difícil. Todo cuidado é pouco. Às vezes os pais têm a impressão de que as suas palavras caem no vazio, que não adianta quase nada conversar e repetir mil vezes a mesma recomendação, chamar atenção sobre o mesmo assunto. Quantos pais são tentados a abandonar o filho ou a filha ao seu destino. São tentados a renunciar a amá-lo. Corrigir para quê? Não escuta. Conversar para quê? Não leva nada a sério.

Mas as maiores dificuldades se podem superar com o amor. A arte de ser pais se aprende na prática da vida. Cabe aos próprios pais provar que o amor que eles têm para com os seus filhos – inclusive os de criação – não depende dos brinquedos, dos presentes, de ter condição de comprar-lhes ou não a moto ou o carro. Esses objetos, mais ou menos valiosos, podem até atrapalhar o relacionamento com os filhos. Facilmente eles serão levados a acreditar na dinheirama do pai e passarão a exigir e a cobrar mais.

Vão sofrer aqueles pais cujas provas de amor aos filhos dependem somente do dinheiro gastado. O que vale infinitamente mais é que os filhos entendam quanto custou ao pai, em sacrifício e paciência, aquele “presente”. Um verdadeiro dom que os pais biológicos, ou de criação, podem dar aos seus filhos é o amor e o respeito pela vida de todos. Se depois conseguem testemunhar a alegria da própria fé, vivida na perseverança, na fidelidade e no compromisso, podem ficar satisfeitos: foram bons pais. Biológicos e espirituais. De criação e de caridade. Bons frutos virão.

Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá