terça-feira, dezembro 13, 2016

III DOMINGO DO ADVENTO



As mãos enfraquecidas e os joelhos debilitados, na profecia de Isaias, são indicativos precisos que descrevem um povo desanimado e vacilante em sua história (1ª leitura). O povo vivia uma crise institucional e era justamente a essa gente que o profeta propõe um futuro melhor, não como proposta utópica, mas convidando ao empenho na construção de um tempo novo. Isto é feito com um convite para alegrar-se. São palavras e verbos convidando ao contentamento: exultar, alegrar-se, ver a glória divina. Um convite que faz da alegria uma força interior para se dirigir a um futuro diferente, pois somente quem tem alegria dentro si é capaz de construir um tempo novo. Uma palavra é decisiva nesta profecia: “criai ânimo, não tenhais medo!” Um convite próprio de quem sente na alma a alegria da libertação realizada por Deus. 

O destaque da profecia está no compromisso de Deus. É Deus que realizará a mudança, mas com a ajuda do povo, cada um empenhando-se na construção de tempos novos. Se Deus promete que assim será, pode-se confiar porque quando Deus promete cumpre, pois é fiel para sempre. Sua fidelidade se manifesta na fome saciada, na libertação dos cativos, no erguimento dos caídos, no cuidado dos órfãos... (salmo responsorial). Assim, Isaias resalta que Deus age por meio de nós, colocando um futuro novo e fraterno em nosso empenho a favor da vida plena e da harmonia social. 

Uma segunda imagem, muito sugestiva, é a do agricultor (2ª leitura). Um símbolo forte para Israel, onde a competição contra o deserto era uma prova de fogo que exige paciência e esperança. Como o agricultor que espera diariamente o germinar de sua semente, assim o discípulo, mesmo se tivesse tudo contra si, espera a germinação de uma vida nova, que vai se formando na escuridão da fé, sem jamais perder a paciência e de quem cultiva a esperança de produzir frutos. Na verdade, não existe fé sem paciência e sem a espera para que os frutos apareçam. A fé, qual uma semente, não tem pressa, pois cresce pacientemente e se vivifica pacientemente escondida na terra. A promessa esperançosa e vibrante da profecia de Isaias (1ª leitura) e o fortalecimento da fé através da paciência, no incentivo de Tiago (2ª leitura) são luzes que iluminam a compreensão do Evangelho deste 3º Domingo do Advento - A. 

A questão “És tu aquele que deve vir?”, esconde uma decepção. Esperava-se um grande Messias, lutador e com o machado na mão para arrancar a raiz do mal, e eis que aparece um personagem misericordioso, que faz os surdos ouvir, os cegos ver, os mudos falar... Eis que surge um Messias revestido com a bondade misericordiosa de Deus. A resposta de Jesus fundamenta-se biblicamente em Is 61,1-2: ele é o Ungido de Deus que evangeliza os pobres e cura as feridas dos deserdados. Indicação clara para se ler os sinais dos tempos não com as expectativas do mundo, mas à luz da Palavra. 

O detalhe que da “evangelização dos pobres” (Evangelho) é o elemento comprovador da presença do Messias entre nós: “os pobres são evangelizados". É o convite para perceber nos sinais dos tempos a presença de Deus no mundo dos pobres e dos necessitados; nas periferias sociais e existenciais. Disto a conclusão de Jesus: “feliz quem não se escandaliza por causa de mim!” Não escandalizar-se porque o Messias não se apresenta como os poderosos da terra, pois assim seria um competidor, mas como quem vive na periferia, aparecendo assim como um servidor.