quarta-feira, junho 29, 2016

29/06/2016, 100 ANOS DE MISSA




A celebração do Corpo e Sangue de Jesus oferece uma boa oportunidade para refletir e avaliar o modo como a Eucaristia é celebrada em nossas comunidades. A Eucaristia nasceu num contexto de simplicidade e é na e pela simplicidade que os celebrantes se aproximam do Senhor, presente na Eucaristia. O ambiente, no qual Jesus instituiu a Eucaristia, era simples, os gestos de Jesus, na instituição, foram simples, os sinais do pão e do vinho são simples. Tudo, tudo na Eucaristia, especialmente no seu início evoca simplicidade. Se simplicidade foi o modo escolhido por Jesus para a celebração da Eucaristia é pela simplicidade que “ele está no meio de nós”, é pela simplicidade que o encontramos na Palavra e nos sinais. Quanto mais simples, portanto, forem nossas celebrações, mais próxima daquela realizada por Jesus estaremos.

Depois, a história se encarregou de agregar ritos e complicações rituais, a ponto de ameaçar com pecados alguns erros litúrgicos, arriscando-se com uma perigosa aproximação da magia. Assim, pouco a pouco, começou-se a perder a simplicidade, na celebração da Missa, a ponto da Missa se tornar uma espécie de sacra encenação diante de uma assembléia que participava pela presença. Um dos objetivos da reforma litúrgica do Vaticano II foi o retorno às três características básicas da Liturgia romana: a simplicidade, a brevidade e a clareza, em vista da compreensão dos celebrantes (SC 34).


O perigo da perda da simplicidade consiste no desvio do foco. Quando existem muitos acréscimos na Missa — ritos, canções, símbolos, procissões e danças, por exemplo — a tendência natural é se concentrar no exterior desses ritos e não na sua finalidade: a aproximação de Deus e o encontro com o Senhor. A introdução de outros ritos, na maior parte das vezes, considera apenas a beleza estética, o fazer bonito para fazer diferente e não a beleza ritual litúrgica para conduzir ao encontro com Deus. Por isso, a reforma do Vaticano II não acrescentou ritos, mas purificou a celebração de ritos que impediam a brevidade, a solenidade, a simplicidade e a clareza para favorecer a participação no Mistério Pascal de modo pleno e consciente. O princípio da simplicidade é que o rito não é para ser visto, mas é meio para se aproximar de Deus.

Simplicidade tem a ver com as vestes do padre e dos ministros, com a homilia, com as canções, com os arranjos florais, etc... Depois de tantos anos caminhando com a Liturgia estou convencido que a simplicidade é mais exigente que a “criatividade livre” que, na maior parte das vezes, é personalista, pouco se importando nem com a proposta celebrativa e nem com as orientações litúrgicas. O personalista passa por cima de tudo, principalmente das orientações litúrgicas, porque o que conta é ele e seus caprichos. Busca o aplauso não a condução dos celebrantes a Deus.

A grande virtude da simplicidade é deixar a Liturgia conduzir a celebração. Explico. No tempo da Quaresma, a Liturgia conduz celebrações silenciosas. Quando o personalismo de alguns músicos desconsidera a orientação litúrgica do silêncio, introduzirá baterias e pandeiros em celebrações quaresmais. O próprio padre corre o risco de deixar de ser presidente da celebração para se tornar uma espécie de “apresentador da Missa”. Celebrações com falas e cantos o tempo todo, inclusive nas secretas, na Oração dos fiéis e até na Oração Eucarística, quebram o ritmo simples e natural da comunicação litúrgica e a impede de ser simples. Poderíamos falar também de ritos dúbios, como procissões ofertoriais repletas de sinais e cestas para recolher dinheiro que não fazem parte do rito ofertorial, ou de orações para entregas de dízimo, no rito das ofertas


BENÇÃO DO CÁLICE PARA O CENTENÁRIO NA SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA
24 DE JUNHO DE 2016









terça-feira, junho 28, 2016

65 ANOS DE ORDENAÇÃO SACERDOTAL DO PAPA BENTO XVI





O Papa Emérito Bento XVI faz 65 anos de ordenação sacerdotal neste dia 28 de Junho e foi recebido pelo Papa Francisco na Sala Clementina numa pequena celebração. Disto nos fala a nossa colega do programa brasileiro Mariângela Juguraba:

“Hoje, festejamos a história de um chamado iniciado há 65 anos com a sua Ordenação sacerdotal ocorrida na Catedral de Frisinga em 29 de junho de 1951”, disse Francisco a Bento XVI.

“Em uma das mais belas páginas que o senhor dedica ao sacerdócio, sublinha como, na hora do chamado definitivo de Simão, Jesus, olhando para ele, no fundo pergunta-lhe somente uma coisa: ‘Me amas?’. Como é bonito e verdadeiro isto! Porque é aqui, o senhor nos diz, é neste "me amas" que o Senhor funda o apascentar, porque somente se existe amor pelo Senhor Ele pode apascentar por meio de nós”, frisou ainda o Pontífice.

“É esta a nota que domina uma vida inteira dedicada ao serviço sacerdotal e à teologia que o senhor não por acaso definiu como a ‘busca do amado’; é isto que o senhor sempre testemunhou e testemunha ainda hoje: que a coisa decisiva nos nossos dias - de sol ou de chuva - a única com a qual vem também todo o resto, é que o Senhor esteja realmente presente, que o desejemos, que interiormente sejamos próximos a ele, que o amemos, que realmente acreditemos profundamente nele e acreditando o amemos verdadeiramente. É este amar que realmente nos preenche o coração, este acreditar é aquilo que nos faz caminhar seguros e tranquilos sobre as águas, mesmo em meio à tempestade, precisamente como acontece a Pedro; este amar e este acreditar é o que nos permite de olhar ao futuro não com medo ou nostalgia, mas com alegria, também nos anos já avançados de nossa vida.”

Testemunho

“E assim, precisamente vivendo e testemunhando hoje em modo tão intenso e luminoso esta única coisa realmente decisiva - tendo o olhar e o coração voltado a Deus - o senhor, Santidade, continua servindo a Igreja, não deixa de contribuir realmente com o vigor e a sabedoria para o crescimento dela”, disse Francisco que acrescentou:

“E o faz daquele pequeno Mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano, que se revela desta forma ser bem outra coisa do que um daqueles cantinhos esquecidos nos quais a cultura do descarte de hoje tende a relegar as pessoas quando, com a idade, as suas forças começam a faltar. É bem ao contrário; e isto permite que o diga com força o seu Sucessor que escolheu chamar-se Francisco!".

"Porque o caminho espiritual de São Francisco iniciou em São Damião, mas o verdadeiro lugar amado, o coração pulsante da ordem, lá onde o fundou e onde no final rendeu sua vida a Deus foi a Porciúncula, a 'pequena porção', o cantinho junto à Mãe da Igreja; junto a Maria que, pela sua fé tão firme e pelo seu viver tão inteiramente do amor e no amor com o Senhor, todas as gerações chamarão bem-aventurada. Assim, a Providência quis que o senhor, caro irmão, chegasse a um lugar por assim dizer propriamente 'franciscano' do qual emana uma tranquilidade, uma paz, uma força, uma confiança, uma maturidade, uma fé, uma dedicação e uma fidelidade que me fazem tão bem e dão força para mim e para toda a Igreja".

Palavras de Bento XVI

E o Papa Francisco concluiu: “Que o senhor, Santidade, possa continuar sentido a mão do Deus misericordioso que o sustenta, que possa experimentar e nos testemunhar o amor de Deus; que, com Pedro e Paulo, possa continuar exultando de alegria enquanto caminha rumo à meta da fé.”

A seguir, o Papa emérito Bento XVI, em um breve discurso improvisado de agradecimento, recordou que sua vida sacerdotal foi marcada desde o início pela palavra grega "Eucharistomen" e suas tantas dimensões.

“Ao final, queremos nos incluir neste obrigado do Senhor e, assim, receber realmente a novidade da vida e ajudar a transubstanciação do mundo, que seja um mundo não de morte, mas de vida – um mundo no qual o amor venceu a morte.”

RÁDIO VATICANA




segunda-feira, junho 27, 2016

VISITA DE DOM ORANI



PRIMEIRA CENA : Um dos que acompanham Jesus sente-se tão atraído por Ele que, antes de ser chamado , toma ele próprio a iniciativa: “Eu te seguirei para onde fores”. Jesus o faz tomar consciência do que está dizendo: “as raposas têm suas tocas e os pássaros têm ninhos”, mas Ele “não onde reclinara cabeça”.




Seguir Jesus é toda uma aventura. Ele não oferece segurança ou bem-estar aos seus. Não ajuda a ganhar dinheiro ou adquirir poder. Seguir Jesus é “viver a caminho”, sem instalar-se no bem-estar e sem buscar um falso refúgio na religião. Menos poder e mais vulnerabilidade. É o melhor que nos pode acontecer para purificar nossa fé e confiar em Jesus .


SEGUNDA CENA: Outro está disposto a segui-lo, mas pede-lhe que o deixe cumprir primeiro com a obrigação sagrada de “enterrar seu pai”. A nenhum judeu isso pode causar estranheza, pois se trata de uma das obrigações religiosas mais importantes. A resposta de Jesus é desconcertante: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu vais anunciar o reino de Deus.” 




Abrir caminhos para o reino de Deus trabalhando por uma vida mais humana é sempre a tarefa mais urgente. Nada deve atrasar nossa decisão. Ninguém nos deve reter ou frear. Os “mortos', que não vivem ao serviço do reino da vida , já se dedicarão a outras obrigações prementes do que o reino de Deus e sua justiça. 


TERCEIRA CENA: A um terceiro , que quer despedir-se de sua família antes de segui-lo , Jesus lhe diz: “Aquele que põe a mão no arado e continua olhando para trás não serve para o reino de Deus”. Não é possível seguir Jesus olhando para trás. Não é possível abrir caminhos para o reino de Deus permanecendo no passado. Trabalhar no projeto do Pai exige dedicação total, confiança no futuro de deus e audácia para seguir os passos de Jesus.








VISITA E BENÇÃO DE DOM ORANI JOÃO TEMPESTA A CAPELA SÃO JOSÉ DE ANCHIETA









MISSA NA CAPELA ITINERANTE
 NOSSA SENHORA APARECIDA
CONDOMÍNIO VILLAGE
25 DE JUNHO DE 2016





sábado, junho 25, 2016

OS ARMÊNIOS SEJAM EMBAIXADORES DE PAZ




"Os armênios sejam embaixadores de paz"

 - Papa no encontro ecumênico

 




A última atividade do Papa na tarde deste sábado 25 de Junho, na Armênia foi o encontro ecumênico e oração pela Paz na Praça da República na cidade de Yerevan. Praça sobre a qual dão o Palácio do Governo e importantes ministérios e o Museu Nacional, uma praça com capacidade para cerca de 50 mil pessoas.

Numa cerimônia em língua armênia e em italiano, com Pai Nosso e leituras centradas sobre a paz, o Católicos e o Papa tomaram a palavra e saudaram-se em nome da paz…

O tema central do discurso do Papa foi o ecumenismo e a paz. Naquele que foi até agora o discurso mais longo desta viagem, o Papa enalteceu a comunhão, a “real e intima unidade” entre as Igrejas. “O nosso estar aqui juntos – disse – não é uma troca de ideias, é uma troca de dons”, pois que partilhamos, com grande alegria, os tantos passos dados na caminhada comum em direção à unidade e que já está muito avançada.

Francisco recordou depois que a história da Armênia é marcada por uma fé forte, por terríveis sofrimentos, por magníficos testemunhos do Evangelho. Os numerosos mártires do País “são estrelas que no céu indicam o caminho que resta a percorrer, em direção à comunhão plena”.

“A unidade não é uma vantagem estratégica a ser procurada por mútuo interesse” – continuou o Papa, frisando que o que Jesus pede é transmitir ao mundo a coerência do Evangelho. Mas para realizar a unidade, disse, “não basta a boa vontade”, mas sim “é indispensável a oração de todos, rezar uns pelos outros, uns com os outros”.

Francisco exortou também a “aumentar o amor recíproco, porque só a caridade pode sanar a memória e sarar as feridas do passado. Cancela os preconceitos, purifica e melhora as própria convicções.”

Os cristãos são, portanto, chamados, em nome de um amor mais humilde, a “ter a coragem de deixar as convicções rígidas e os interesses próprios”. Este amor que “se abaixa e se doa”, explica o Papa, permite “amolecer a dureza dos corações dos cristãos (…) virados para si mesmos e para os próprios interesses”. Com efeito – prosseguiu, é o amor humilde e generoso que “atrai a misericórdia do Pai, não os cálculos e as vantagens”.

A segunda parte do discurso do Papa foi centrada sobre a Paz. Inspirando-se no Evangelho de São João, Francisco recordou “os grandes obstáculos ao caminho da paz e as trágicas consequências da guerra”.

O seu pensamento foi de modo particular ao Médio Oriente, onde disse, se sofrem “violências e perseguições, devido ao ódio e a conflitos sempre fomentados pela praga da proliferação do comércio das armas, à tentação de recorrer à força e à falta de respeito pela pessoa humana, especialmente pelos débeis, pelos pobres e por aqueles que pedem apenas uma vida digna”.

Francisco passou depois a referir-se àquilo que os armênios definem o “Grande Mal”, definindo-o “o terrível, o louco extermínio”, trágico mistério da iniquidade” que “permanece impressa na memória e que queima no coração”. Recordá-lo – sublinhou o Papa – “não só é oportuno, mas é um dever: seja uma advertência para todos os tempos, para que o mundo não volte a cair na espiral de semelhantes horrores!”.

A fé foi indicada pelo Papa como a “verdadeira força” capaz de transformar “também a dor maior” e fazer dela “semente para a paz no futuro”. Por outro lado, a memória “embebida de amor” abre “novos e surpreendentes caminhos”, onde “as tramas de ódio se transformam em projectos de reconciliação”. Daí o convite do Papa a “não deixar-se absorver pela força enganadora da vingança” e a empenhar-se em criar, incessantemente, “as condições para a paz”, ou seja “um trabalho digno para todos, atenção para com os mais necessitados e a luta sem trégua contra a corrupção, que deve ser extirpada”.

Aos jovens o Papa recordou: o “futuro vos pertence”. E exortou-os a tornar-se “construtores de paz, não notários do status quo, mas sim promotores ativos de uma cultura do encontro e da reconciliação”.

O Papa exprimiu ainda o desejo de que “se retome o caminho da reconciliação entre o povo armênio e o turco”. E invocou a paz para o Nagorno Karabakh.

Francisco concluiu o seu mais extenso e porventura importante discurso deste sábado 25 na Armênia, com uma reflexão sobre São Gregório de Narek, definido “Doutor da Paz” e cuja solidariedade universal com a humanidade é uma grande mensagem cristã de paz e de misericórdia para todos. “Os Armênios sejam embaixadores de paz” concluiu Francisco.

(DA com PC) 



sexta-feira, junho 24, 2016

PAPA NA ARMÊNIA



O Papa Francisco chegou à Arménia nesta sexta-feira, 24 de Junho. O avião aterrou no aeroporto internacional de Yerevan as 15h hora local. De lembrar que o Santo Padre deixou Roma as 9h00. Antes de partir para esta viagem internacional, como de costume, o Santo Padre foi à Basílica de Santa Maria Maior para rezar diante da imagem de Nossa Senhora “Salus Populi Romani” pelo bom êxito da sua viagem. 

Francisco visita a Armênia a convite do Patriarca e Catholicos de todos os Armênios, Karekin II, e das autoridades políticas e da Igreja Católica.

Após a cerimônia de boas-vindas, no aeroporto de Yerevan, o Papa dirigiu-se para a Catedral Apostólica, em Etchmiadzin, para alguns momentos de oração. 

Depois das cordiais saudações do Patriarca Karekin, o Santo Padre pronunciou seu discurso, agradecendo as boas vindas do Catholicós de Todos os Armênios, dizendo:

Venerado Irmão, Patriarca Supremo e Catholicos de Todos os Arménios,

Queridos irmãos e irmãs em Cristo!

Atravessei, comovido, o limiar deste lugar sagrado, testemunha da história do vosso povo, centro irradiador da sua espiritualidade; e considero um dom precioso de Deus poder-me aproximar do santo altar donde refulgiu a luz de Cristo na Arménia. Saúdo o Catholicos de Todos os Arménios, Sua Santidade Karekin II, a quem agradeço cordialmente o grato convite para visitar a Santa Etchmiadzin, os Arcebispos e Bispos da Igreja Apostólica Arménia, reconhecido pela recepção cordial e jubilosa que todos vós me proporcionastes. Obrigado, Santidade, por me ter acolhido na sua casa; este sinal de amor exprime, de maneira muito mais eloquente que as palavras, o que significam a amizade e a caridade fraterna.

Nesta ocasião solene, dou graças ao Senhor pela luz da fé acesa na vossa terra, fé que conferiu à Arménia a sua identidade peculiar e a tornou mensageira de Cristo entre as nações. Cristo é a vossa glória, a vossa luz, o sol que vos iluminou e deu uma nova vida, que vos acompanhou e amparou, especialmente nos momentos de maior provação. Curvo-me diante da misericórdia do Senhor, que quis que a Arménia se tornasse a primeira nação, desde o ano de 301, a acolher o cristianismo como sua religião, numa época em que grassavam ainda as perseguições no Império Romano.

Para a Arménia, a fé em Cristo não foi uma espécie de vestido que se põe ou tira segundo as circunstâncias e conveniências, mas um elemento constitutivo da sua própria identidade, um dom de enorme valor que se há de acolher com alegria e guardar com empenho e fortaleza, à custa da própria vida. Como escreveu São João Paulo II, «com o “Baptismo” da comunidade arménia, (...) nasce uma identidade nova do povo, que se tornará parte constitutiva e inseparável do próprio ser arménio. Desde então já não foi mais possível pensar que, entre os componentes dessa identidade, não esteja a fé em Cristo como elemento essencial» (Carta Apostólica no 1700º aniversário do Baptismo do Povo Arménio, 2 de fevereiro de 2001, 2). Queira o Senhor abençoar-vos por este luminoso testemunho de fé, que demonstra de maneira exemplar, com o sinal eloquente e sagrado do martírio, a poderosa eficácia e fecundidade do Baptismo recebido há mais de mil e setecentos anos, que se manteve um elemento constante da história do vosso povo.

Agradeço ao Senhor também pelo caminho que a Igreja Católica e a Igreja Apostólica Arménia realizaram, através dum diálogo sincero e fraterno, para chegar à plena partilha da Mesa Eucarística. Que o Espírito Santo nos ajude a realizar a unidade pela qual rezou nosso Senhor, pedindo que todos os seus discípulos sejam um só e o mundo creia. Apraz-me lembrar aqui o impulso decisivo dado à intensificação das relações e ao fortalecimento do diálogo entre as nossas duas Igrejas nos últimos tempos por Suas Santidades Vasken I e Karekin I, por São João Paulo II e por Bento XVI. Dentre as etapas particularmente significativas deste empenho ecuménico, lembro a comemoração das Testemunhas da fé do século XX, no contexto do Grande Jubileu do ano 2000; a entrega a Vossa Santidade da relíquia do Pai da Arménia cristã, São Gregório o Iluminador, para a nova catedral de Ierevan; a Declaração conjunta de Sua Santidade João Paulo II e de Vossa Santidade, assinada aqui mesmo na Santa Etchmiadzin; e as visitas que Vossa Santidade fez ao Vaticano por ocasião de importantes acontecimentos e comemorações.

O mundo está, infelizmente, marcado por divisões e conflitos, bem como por graves formas de pobreza material e espiritual, incluindo a exploração das pessoas, mesmo de crianças e idosos, e espera dos cristãos um testemunho de estima mútua e colaboração fraterna, que faça resplandecer diante de cada consciência o poder e a verdade da Ressurreição de Cristo. O esforço paciente e renovado rumo à unidade plena, a intensificação das iniciativas comuns e a colaboração entre todos os discípulos do Senhor tendo em vista o bem comum são como que uma luz refulgente na noite escura e um apelo a viver, na caridade e compreensão mútua, as próprias diferenças. O espírito ecuménico adquire valor exemplar mesmo fora das fronteiras visíveis da comunidade eclesial, constituindo para todos uma forte chamada a compor as divergências através do diálogo e valorização de tudo aquilo que une. Além disso impede a instrumentalização e manipulação da fé, porque obriga a redescobrir as suas raízes genuínas, a comunicar, defender e difundir a verdade no respeito pela dignidade de cada ser humano e segundo modalidades em que transpareça a presença daquele amor e daquela salvação que se quer espalhar. Deste modo, oferece-se ao mundo – extremamente necessitado – um testemunho convincente de que Cristo está vivo e activo, capaz de abrir caminhos de reconciliação sempre novos entre as nações, as civilizações e as religiões. Atesta-se e torna-se credível que Deus é amor e misericórdia.

Queridos irmãos, quando a nossa actividade é inspirada e movida pela força do amor de Cristo, crescem o conhecimento e a estima recíprocas, criam-se melhores condições para um caminho ecuménico frutuoso e, ao mesmo tempo, mostra-se a todas as pessoas de boa vontade e à sociedade inteira um caminho concreto que se pode percorrer para harmonizar os conflitos que dilaceram a vida civil e cavam divisões difíceis de curar. Deus Todo-Poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, por intercessão de Maria Santíssima, de São Gregório o Iluminador, «coluna de luz da Santa Igreja dos Arménios», e de São Gregório de Narek, Doutor da Igreja, abençoe a vós todos e à Nação Arménia inteira e a guarde sempre na fé que recebeu dos pais e testemunhou gloriosamente no decurso dos séculos.





NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA



João nasceu numa pequena aldeia chamada Aim Karim, a cerca de seis quilômetros lineares de distância a oeste de Jerusalém. Segundo interpretações do Evangelho de Lucas, era um nazireu de nascimento. Outros documentos defendem que pertencia à facção nazarita de Israel, integrando-a na puberdade, era considerado, por muitos, um homem consagrado. De acordo com a cronologia neste artigo, João teria nascido no ano7 a.C.; os historiadores religiosos tendem a aproximar esta data do ano 1º, apontando-a para 2 a.C..

Como era prática ritual entre os judeus, o seu pai Zacarias teria procedido à cerimónia da circuncisão, ao oitavo dia de vida do menino. A sua educação foi grandemente influenciada pelas acções religiosas e pela vida no templo, uma vez que o seu pai era um sacerdote e a sua mãe pertencia a uma sociedade chamada "as filhas de Araão", as quais cumpriam com determinados procedimentos importantes na sociedade religiosa da altura.

Aos 6 anos de idade, de acordo com a educação sistemática judaica, todos os meninos deveriam iniciar a sua aprendizagem "escolar". Em Judá não existia uma escola, pelo que terá sido o seu pai e a sua mãe a ensiná-lo a ler e a escrever, e a instruí-lo nas actividades regulares.

Aos 14 anos há uma mudança no ensino. Os meninos, graduados nas escolas da sinagoga, iniciam um novo ciclo na sua educação. Como não existia uma escola em Judá, os seus pais terão decidido levar João a Engedi(atual Qumram) com o fito de este ser iniciado na educação nazarita.

Engedi era a sede ao sul da irmandade nazarita, situava-se perto do Mar Morto e era liderada por um homem, reconhecido, de nome "Ebner".

João terá efectuado os votos de nazarita que incluíam abster-se de bebidas intoxicantes, o deixar o cabelo crescer, e o não tocar nos mortos. As ofertas que faziam parte do ritual foram entregues em frente ao templo de Jerusalém como caracterizava o ritual.

Segundo o relato bíblico (Mt 3,4), João também trajava veste simples (de pelos de camelo, um cinto de couro em torno de seus lombos) e alimentava-se de "gafanhotos (ou alfarrobas ) e mel silvestre" - considerando que o termo "gafanhoto" é referido também como tal planta (Ceratonia siliqua), uma árvore de fruto adocicado comestível, nativa da região mediterrânica, onde provavelmente vivia o personagem bíblico, conhecida ainda como Pão-de-João ou Pão-de-São-João , figueira-de-pitágoras e figueira-do-egipto .



É perspectiva comum que a principal influência na vida de João terá sido o registros que lhe chegaram sobre o profeta Elias. Mesmo a sua forma de vestir com peles de animais e o seu método de exortação nos seus discursos públicos, demonstravam uma admiração pelos métodos antepassados do profeta Elias. Foi muitas vezes chamado de “encarnação de Elias” e o Novo Testamento, pelas palavras de Lucas, refere mesmo que existia uma incidência do Espírito de Elias nas acções de João.

O Discurso principal de João era a respeito da vinda do Messias. Grandemente esperado por todos os judeus, o Messias era a fonte de toda as esperanças deste povo em restaurar a sua dignidade como nação independente. Os judeus defendiam a ideia da sua nacionalidade ter iniciado com Abraão, e que esta atingiria o seu ponto culminar com achegada do Messias. João advertia os judeus e convertia gentios, e isto tornou-o amado por uns e desprezado por outros.

Importante notar que João não introduziu o baptismo no conceito judaico, este já era uma cerimónia praticada. A inovação de João terá sido a abertura da cerimónia à conversão dos gentios, causando assim muita polémica.

Numa pequena aldeia de nome “Adão” João pregou a respeito “daquele que viria”, do qual não seria digno nem de apertar as alparcas (as correias das sandálias). Nessa aldeia também, João acusou Herodes e repreendeu-o no seu discurso, por este ter uma ligação com a sua cunhada Herodíades, que era mulher de Filipe, rei da Ituréia e Traconites (irmão de Herodes Antipas I). Esta acusação pública chegou aos ouvidos do tetrarca e valeu-lhe a prisão e a pena capital por decapitação alguns meses mais tarde.






quinta-feira, junho 23, 2016

SÃO JOÃO



Amanhã (24), celebraremos a festa de São João Batista, um dos santos “juninos”, ao lado de Santo Antônio (dia 13) e São Pedro (dia 29). Serve para nossa edificação, ainda mais hoje, o exemplo daquele de quem Jesus disse: “Entre todos os nascidos de mulher não surgiu quem fosse maior que João Batista” (Mt 11,11).

João Batista, assim cognominado pelo batismo que administrava, foi o precursor de Jesus, aquele que o apresentou ao povo de Israel. Filho de Zacarias e Isabel, foi santificado ainda no seio materno quando da visita de Nossa Senhora, já grávida do Menino Jesus. Por isso a Igreja festeja, no dia 24, o seu nascimento, ao contrário de todos os outros santos, dos quais ela só comemora a morte, ou seja, seu nascimento para o Céu. 

Desde criança, retirou-se para o deserto para fazer penitência e se preparar para sua futura missão. Alguns acham que ele teria vivido entre os Essênios, comunidade monacal do deserto vizinho ao Mar Morto. Ministrava ao povo o batismo de penitência, ao qual Jesus também acorreu, por humildade. Sua pregação era: “Convertei-vos, pois o reino dos Céus está próximo... Produzi fruto que mostre vossa conversão... Eu vos batizo com água, para a conversão. Mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu não sou digno nem de levar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3, 2, 8, 11). 

Jesus, no começo do seu ministério público, quis também, por humildade, misturando-se aos pecadores, ser batizado por João. João quis recusar, dizendo: “Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?... Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água e o céu se abriu. E ele viu o Espírito de Deus descer, como uma pomba e vir sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: ‘Este é o meu filho amado; nele está o meu agrado’” (Mt 3, 14, 16-17).

São João Batista era o homem da verdade, sem acepção de pessoas. Por isso admoestava o Rei Herodes contra o seu pecado de infidelidade conjugal e incesto, o que atraiu a ira da amante do rei, Herodíades, que instigou o rei a metê-lo no cárcere. No dia do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades, Salomé, dançou na frente dos convivas, o que levou o rei, meio embriagado, a prometer-lhe como prêmio qualquer coisa que pedisse. A filha perguntou à mãe, que não perdeu a oportunidade de vingar-se daquele que invectivava seu pecado. Fez a filha pedir ao rei a cabeça de João Batista. João foi decapitado na prisão, merecendo o elogio de Jesus, por ser um homem firme e não uma cana agitada pelo vento.
Assim, a virtude que mais sobressai em João Batista, além da sua humildade e penitência, é a firmeza de caráter, tão rara hoje em dia, quando muitos pensam ser virtude o saber “dançar conforme a música”, ser uma cana que pende de acordo com o vento das opiniões, o pautar a vida pelo que dizem ou acham e não pela consciência reta, voz de Deus em nosso coração. João Batista foi fiel imitador de Jesus Cristo, caminho, verdade e vida, que, como disse o poeta João de Deus, “morreu para mostrar que a gente pela verdade se deve deixar matar”. 


*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney


terça-feira, junho 21, 2016

XII DOMINGO DO TEMPO COMUM





Assim sendo, depois de perguntar para os discípulos o que as multidões diziam sobre ele, jesus lança a questão aos próprios discípulos. Eles tinham a obrigação de saber quem era jesus , pois estavam o tempo todo com ele, comiam com ele, acompanhavam-no na sua missão , viam as coisas que ele fazia e sua sintonia com deus. foi então que Pedro, prontamente, respondeu: “o messias de deus”. Diante da resposta, jesus os proibiu severamente que contassem isso a alguém. 




Não seria melhor que eles saíssem por aí e contassem para todo mundo , para as multidões , que jesus era o messias de deus? Olhando por esse lado , parece que seria o mais correto, pois muitos entendem que evangelizar ou anunciar a palavra de deus é levar um conceito teórico de jesus, algo definido sobre ele. mas não é bem assim . só se descobre quem é jesus se comprometendo com ele, e não apenas sabendo teorias sobre ele. se assim fosse , os doutores da lei seriam os que mais sabiam sobre jesus. 



A pedagogia de jesus é essa: ele não dá o peixe pronto, mas ensina os discípulos a pescar; ele não dá o alimento para a multidão , mas ensina a partilhar o pouco que eles têm , e assim nós vamos entendendo que jesus não traz coisas prontas , que não faz mágica nem tem atitudes paternalistas, mas quer que nós aprendamos com ele , que tenhamos compromisso e responsabilidade com o seu reino. quem recebe um conceito pronto de jesus não vai aprender quase nada sobre ele e não vai amá-lo como deveria. porém quem descobre jesus por seu envolvimento , pela sua busca e comprometimento , este sim saberá verdadeiramente quem ele é . 


Assim, os discípulos ali presentes foram proibidos de dizer quem ele era, mas receberam uma verdadeira catequese sobre jesus e sua missão , pois só conhecemos jesus quando conhecemos sua missão e as consequências dela. Por isso Jesus disse a eles que 'deveria sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da lei, ser morto e ressuscitar no terceiro dia” (lc 9,22)


Quem quer seguir cristo por um caminho tão tortuoso, o caminho da cruz? poucos, pois muitos querem apenas o caminho das glórias , das coisas boas, dos lugares de destaque, dos privilégios. porém nenhuma glória é verdadeira se não tiver passado pela cruz . 

Precisamos responder com a prática , pois muita gente consegue fazer definições belíssimas sobre jesus , com argumentos profundamente teológicos, mas não se envolve com sua missão .







segunda-feira, junho 20, 2016

PROGRAMAÇÃO DO PAPA À ARMÊNIA



Foi divulgado nesta sexta-feira dia 13 de maio o programa da Viagem Apostólica do Papa Francisco à Arménia, que acontecerá de 24 a 26 de junho.

Sexta-feira, 24 de junho

O avião que levará o Santo Padre a Yerevan, partirá do Aeroporto Fiumicino pelas 9 horas de Roma, estando prevista a chegada ao Aeroporto Internacional “Zvartnots” pelas 15 horas locais, onde terá lugar a cerimónia de boas-vindas.

No início da tarde a Catedral Apostólica em Etchmiadzin acolherá um momento de oração com as saudações do Katolicós, Patriarca de Todos os Armenos.

Às 18 horas, terá lugar a visita de cortesia do Papa Francisco ao Presidente da República da Arménia, no Palácio Presidencial, seguido pelo encontro com as Autoridades civis e com o Corpo Diplomático.

O último compromisso do primeiro dia da viagem será um encontro privado com o Katolicós, no Palácio Apostólico.


Sábado, 25 de junho

O primeiro compromisso do Papa Francisco no sábado será a visita ao Tzitzernakaberd Memorial Complex, às 8h45min.

Às 10 horas, o Papa transfere-se em avião para Gyumri, onde às 11 horas preside a uma Celebração Eucarística na Praça Vartanants. Está prevista a saudação do Katolicós.

Às 16h45min a visita do Santo Padre à Catedral Arménia-católica das Sete Chagas, em Gyumri. Depois da visita, às 18 horas, o Papa deverá transferir-se, em avião, a Yerevan.

Às 19 horas, o Santo Padre participa em Yerevan num Encontro Ecuménico e Oração pela paz, na Praça da República, onde deverá proferir um discurso juntamente com o Katolicós.

Domingo, 26 de junho

No domingo, 26 de junho, último dia da visita, o Santo Padre encontrará os Bispos católicos arménios no Palácio Apostólico em Etchmiadzin.

Às 10 horas participa da Divina Liturgia na Catedral arménio-apostólica. A homilia estará a cargo do Katolicós e o Santo Padre fará uma breve saudação aos presentes.

No final da celebração, no Palácio Apostólico, Francisco participará no almoço ecuménico que reunirá o Katolicós, Arcebispos e Bispos da Igreja Arménia Apostólica, Bispos católicos-arménios e os Cardeais e Bispos do séquito papal.

Às 16 horas será o encontro com os Delegados benfeitores da Igreja Arménia Apostólica no Palácio Apostólico.

Depois será a assinatura de uma Declaração Conjunta no Palácio Apostólico seguida por uma Oração no Mosteiro de Khor Virap, às 17 horas.

Por fim, às 18h15min, será a cerimónia de despedida no Aeroporto. A partida do avião com o Papa está prevista para as 18h30min, com a chegada ao Aeroporto Ciampino, em Roma, devendo a ocorrer às 20h40 – hora de Roma.


HISTÓRIA DA IGREJA CATÓLICA ARMÉNIA



A Igreja Católica Arménia (em arménio: Հայ Կաթողիկէ Եկեղեցի Hay Kat'oghike Yeveghets'i) é uma Igreja católica oriental sui juris em plena comunhão com a Igreja Católica. Isto quer dizer que ela, nunca abandonando as suas veneráveis tradições e ritos litúrgicos orientais, aceita a autoridade e primazia do Papa. Unida formal e oficialmente à Santa Sé em 1742, esta Igreja foi fruto de uma cisão ocorrida na Igreja Apostólica Armênia, que não aceita a autoridade papal. A sua sede localiza-se, desde 1749, em Bzoummar (Líbano).

O seu rito litúrgico é de tradição arménia e a sua língua litúrgica é o arménio. Desde 2015, esta Igreja oriental é governada pelo Patriarca arménio Gregório Pedro XX Gabroyan, juntamente com o seu Sínodo, mas sempre sob a supervisão do Papa. Actualmente, tem cerca de 540 mil fiéis, concentrados especialmente na Arménia, Argentina, Europa Oriental (com destaque para a Roménia), Austrália, Canadá, França, Líbano, Síria,Turquia, Roménia e Estados Unidos da América.

No Brasil a Paróquia Armênia Católica são Gregório Iluminador se encontra à Avenida Tiradentes 718, ao lado do museu de Arte Sacra, próximo ao metro Tiradentes.


História

Após o cisma de 451, que separou as Igrejas ortodoxas orientais (que incluiu a Igreja Apostólica Armênia) das Igrejas calcedonianas (que são as Igrejas Ortodoxa e Católica), numerosos bispos apostólicos armêniostentaram restabelecer a comunhão com a Igreja Católica. Em 1195/1198, durante as Cruzadas, os ortodoxos arménios sediados no Reino armênio da Cilícia entraram em comunhão com a Igreja Católica, que durou até a Cilícia ser conquistada pelo Mamelucos em 1375. Esta união foi mais tarde restabelecida no Concílio de Basileia-Ferrara-Florença (em 1441), mas, na prática, não houve efeitos concretos durante séculos.

Em 1740, Abraham Petros I Ardzivian, que tinha anteriormente se tornado um católico, foi eleito Patriarca de Adana (Turquia). Dois anos mais tarde, em 1742, o Papa Bento XIV criou formalmente a Igreja Católica Arménia, encabeçada pelo Patriarca Ardzivian, que foi reconhecido pelo Papa. Em 1749, a sede desta Igreja foi transferida para Bzoummar (Líbano). No século XIX, o Império Otomano reconheceu-a finalmente, dando-lhe o estatuto de millet (ou seja, comunidade etno-religiosa distinta dentro do Império). Durante o terrível genocídio arménio (1915-1918), muitos católicos arménios, naquela altura concentrados principalmente na Cilícia, foram forçados a refugiarem-se em países vizinhos da Turquia, principalmente no Líbano, na Síria e na República Democrática da Armênia. Mais tarde, uma parte deles emigrou para os Estados Unidos e para a Europa.


quinta-feira, junho 16, 2016

BEATA ALBERTINA BERKENBROCK


Sua história

Albertina procura o boi fugitivo. De repente vê ao longe alguns chifres e corre naquela direção. Mas eram outros bois, que estavam amarrados. Como surpresa, porém, encontra perto deles um empregado de seu pai, Maneco carregando feijão na carroça. À pergunta de Albertina pelo boi desaparecido, o homem lhe dá uma pista falsa para encaminhá-la ao lugar onde poderia satisfazer seus desejos sem chamar atenção.

Maneco, que já tinha violentado outra menina, disse: - Hoje tenho que matar alguém! Pensou: - Se Albertina não aceitar, vou usar o canivete...

Albertina seguiu a indicação de Maneco, embrenhou-se pela mata. Repentinamente percebe que os gravetos estalam, as folhas farfalham... Ela pensa ser o boi. Eis, porém, que, dá de cara com Maneco. Fica petrificada. Sozinha, no mato, com aquele homem na frente!

Chegara o momento supremo! Maneco lhe propõe seus intentos. Albertina, decidida, não aceita. Sabe o que é o pecado e o recusa peremptoriamente. Começa então a tentativa do assassino de se apossar de Albertina, mas ela não se deixa subjugar. A menina é forte. Aos pontapés, quase derruba o assassino. A luta é longa e terrível. Ela não cede. Derrubada, por fim, ao chão, agora está toda nas mãos do agressor. Ainda assim, defende-se, agarra seu vestido e se cobre o mais que pode.

Maneco, derrotado moralmente pela menina, vinga-se, agarra-a pelos cabelos e afunda o canivete no pescoço e a degola.

Está morta Albertina! Seu corpo está manchado de sangue... Sua pureza e virgindade, porém, estão intactas.


O assassino despista o crime. ..Diz que encontrou o corpo de Albertina e sabe quem a matou. Prendem João Candinho, que protesta, diz-se inocente, chora, mas é inútil. Maneco confirma: - Foi esse homem que matou Albertina!

Os colonos, porém, começam a duvidar: acaso não seria Maneco o assassino?

Maneco aparecia toda hora por perto da sala onde se velava o corpo de Albertina. Não parava de ir e vir. Como contam testemunhas, sempre que se aproximava, a ferida do pescoço de Albertina vertia sangue. Não seria um sinal?

Enquanto o povo cismava, Maneco tramava sua fuga...

Dois dias depois chegou o prefeito de Imaruí. Acalmou a população e mandou soltar João Candinho. Foi à capela, tomou um crucifixo e, acompanhado por Candinho e outras pessoas, foi à casa do pai de Albertina, o colocou sobre o peito da menina morta. Mandou que João Candinho colocasse as mãos sobre o crucifixo e jurasse que era inocente. Dizem que naquele momento o sangue da ferida parou de sangrar.

Entretanto, Maneco acabava de fugir. Preso em Aratingaúba, confessou o crime. Aliás, confessou um outro crime cometido em Palmas, onde matara um sargento. Tinha também matado um homem em São Ludgero.

Maneco Palhoça - ou Indalício Cipriano Martins (conhecido também como Manuel Martins da Silva) - foi levado para Laguna. Correu o processo. Foi condenado. Levado para a penitenciária, depois de alguns anos morreu. Na prisão comportou-se bem. Confessou ter matado Albertina porque ela recusara ceder à sua intenção de manter relações sexuais com ela.


Martírio de Santidade

É indiscutível a intenção pecaminosa do assassino: violar a pureza de Albertina, deflorar sua virgindade. Esse testemunho, ouvido de sua própria boca por colegas de prisão, é fundamental para determinar a existência ou não de verdadeiro martírio.

Que Albertina reagiu a essa provocação, é evidente pelo fato de ter-se deixado matar. Se não bastasse este fato, também disto há o testemunho do assassino.

Com base nesses dois elementos, já no dia da morte de Albertina começou a formar-se entre o povo a convicção de que Albertina morreu mártir e, por isso, é santa.

Na verdade, não foi só pelo modo como Albertina morreu que o povo pensou assim. Todos também conheciam a educação cristã que ela recebera na família e na catequese. Sabiam de sua maneira de viver, de seu bom comportamento, de sua piedade e caridade.

Também é verdade que a fama de martírio cresceu ainda mais quando o povo foi informado do testemunho da sua parteira, Martha Mayhöfer, que examinou o corpo de Albertina e constatou que ela não perdera a sua virgindade.

A tudo isso se deve acrescentar que muito cedo começaram a correr relatos de graças alcançadas por intercessão de Albertina.


Por causa da fama de martírio de Albertina e de favores especiais obtidos por sua invocação, muitíssimas pessoas, individualmente ou em grupos, deram início a romarias ao lugar de sua morte e a seu túmulo no cemitério de São Luís. Mais tarde pôde-se inumar seus restos mortais dentro da igreja de São Luís num elegante sarcófago de granito.





ORAÇÃO À BEM-AVENTURADA ALBERTINA


Deus, Pai de todos nós! Vós nos destes vosso Filho Jesus, que derramou seu sangue na cruz por amor a cada um de nós.
Vossa serva Albertina foi declarada bem-aventurada pela Igreja, porque, ainda jovem, também derramou seu sangue para ser fiel à vossa vontade e defender a vida em plenitude.
Concedei-nos que, por seu testemunho, nos tornemos fortes na fé, no amor e na esperança, vivamos fielmente os compromissos do nosso Batismo, façamos da Eucaristia a fonte e o cume de nossa vida cristã, busquemos continuamente o perdão através da Confissão, sejamos plenos do Espírito Santo vivenciando a Crisma e cultivemos os valores do Evangelho.
Por intercessão de Albertina, alcançai-nos a graça que neste momento imploramos de vós (expressar a graça que se deseja). Nós vo-lo pedimos por Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
(Com aprovação de Dom Jacinto Bergmann, Bispo de Tubarão).

Fonte:www.santosdobrasil.org


UMA DAS OBRAS DE MISERICÓRDIA CORPORAIS: SEPULTAR OS MORTOS



Uma das obras de misericórdia corporais orienta-nos a sepultar os mortos. É uma obra de misericórdia que vem ao encontro do respeito pelo corpo humano, como diz a doutrina cristã. Mesmo depois de morto, o corpo que foi consagrado a Deus, no Batismo e na Crisma, tornando-se Templo do Espírito Santo, merece a dignidade de um sepultamento humano. Além disso, o sepultamento cristão está ligado ao fato de Jesus ter sido sepultado. Por isso, o último gesto cristão demonstrando respeito e dignidade, para com a pessoa humana é o seu sepultamento com o rito da encomendação.

A concessão de uma sepultura digna ou de um sepultamento digno, celebrado com os ritos da Igreja, é um fato consolidado na cultura dos cristãos, na maior parte dos povos. Trata-se de um gesto de misericórdia, no sentido que a comunidade eclesial se une a familiares e amigos do falecido para a última despedida, em atitude de consolo, de esperança e de apoio espiritual. Mesmo que sejam pessoas sem familiares, a Igreja se faz presente para encomendar o corpo daquele ser humano a Deus. A misericórdia, a compaixão para com quem morreu é manifestada com uma celebração litúrgica.

Atualmente, devido a vários fatores sociais e também sanitários, a Igreja criou um rito para funerais de cremação. Isto significa que a Igreja aceita a cremação de pessoas e a considera também como um modo digno de despedida para com os falecidos. Quem já participa deste ato pela primeira vez sente que o calor dos fornos não é capaz de produzir calor humano aos familiares, como ocorre em sepultamentos. Entre os fatos, isto se deve, principalmente, pela falta de uma referência localizada da pessoa que morreu, o túmulo, no caso do sepultamento.



Mas, minha conclusão caminha para outro lado: na obra de misericórdia de sepultar os mortos está presente, principalmente, o consolo dos vivos, daqueles que choram seu luto e passam pela dolorosa experiência da separação. Trata-se, pois, de uma obra de misericórdia, que se associa a outra obra de misericórdia: consolar os aflitos e atribulados, partilhar o consolo com quem sofre a separação pela morte. Uma obra de misericórdia que exige a presença e, quando as palavras não forem capazes de consolar, o silêncio de quem compreende a dor. É claro que não podemos fazer o que faz Jesus, no Evangelho deste Domingo, mas podemos ser misericordiosos com nossa presença para consolar e acolher de modo compreensivo o choro de quem sofre. 

(Francisco Régis)