segunda-feira, julho 17, 2017

XV DOMINGO DO TEMPO COMUM



 Chuva que penetra a terra 

A Palavra que acabamos de ouvir fala do mistério da vida nascente, do mistério que faz a vida nova. Este mistério é proposto com três palavras que, por sua vez, tornam-se simbólicas. As palavras são: chuva, gemido e semente. As três palavras dizem que a vida nasce — e também que a vida se renova — não de fora para dentro, mas de dentro para fora. O nascimento da vida, a renovação da vida não é algo que começa do lado de fora, mas do lado de dentro, de modo escondido, algo um pouco misterioso que sem a gente ver e perceber produz uma nova existência. É como a semente jogada na terra que é irrigada com a água da chuva. A água penetra na terra e começa a fecundar a semente para que essa produza vida. Lá dentro da terra, sem a gente perceber, a vida vai germinando, tornando-se um broto, até que cresce e aparece uma planta, que dará flores ou frutos. Tudo aconteceu de modo meio escondido, no esconderijo do coração da terra.

 Dores de parto 

O mesmo processo acontece com a vida humana. A semente da vida é colocada no esconderijo do corpo feminino, corpo feito para gerar a vida, e lá, escondida de tudo e de todos, vai se formando e nascendo pouco a pouco. Mesmo que, hoje, quase todos nós já tenhamos visto um vídeo ou fotos sobre a gestação, vimos as fases do crescimento do feto, mas não vemos como a vida, como a essência da vida, vai se formando e constituindo a nova criatura. A formação da vida, a renovação da vida é algo divino, por isso é meio misterioso, entra no mistério de um segredo que não tocamos e nem vemos. Mas, o que importa para nossa reflexão é perceber que a vida nasce de dentro, do corpo da mulher, para fora. São Paulo, na 2ª leitura, fala das dores de parto, dos gemidos que a mulher grita no momento de dar à luz a uma nova vida. O nascer de uma vida nova vem acompanhado de dores, mas que são esquecidas pela alegria da vida que nasceu.


Semente que brota no coração 


Já falamos da chuva que fecunda a terra, falamos do gemido, que Paulo relaciona com as dores do parto e, agora, vamos concluir falando da semente. Também aqui, no esconderijo de cada semente existe uma vida a ser desabrochada, a ser gestada, a produzir mais vida. Jesus compara a Palavra do Evangelho a uma semente e compara o coração de cada um de nós a um terreno. Assim como a chuva cai e penetra na terra, assim a Palavra do Evangelho cai e penetra na vida, no coração de cada um de nós. Dentro de nós está a semente da vida nova que recebemos pelo Evangelho. Dentro de nós, temos tudo que precisamos para fazer nascer uma vida nova. Dentro de nós, escondido, no mistério de nosso coração, temos tudo que precisamos para viver de modo novo. A mudança de nossas vidas não vem de fora, mas de dentro do nosso coração. Mudança que conta com gemidos de dores, feitos de renúncias e novo modo de viver, mas que sempre produz flores e frutos de vida nova. Como você cultiva o terreno do seu coração; o terreno da sua vida interior? Amém!