sábado, agosto 17, 2013

NOSSA SENHORA DA GLÓRIA DO OUTEIRO

A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DA GLÓRIA SURGIU NO INÍCIO DO SÉCULO XVII, ALGUNS ANOS APÓS A FUNDAÇÃO DA CIDADE, QUANDO NO ANO DE 1608, UM CERTO AYRES COLOCOU UMA PEQUENA IMAGEM DA VIRGEM NUMA GRUTA NATURAL EXISTENTE NO MORRO. 

Mas as origens históricas remontam a 1671. O ermitão Antonio Caminha, natural do Aveiro, esculpiu a imagem da Virgem em madeira e ergueu uma pequena ermida no "Morro do Leripe", onde já existia a gruta, formando-se em torno um círculo de devotos.
O Outeiro da Glória, outrora chamada "Morro do Leripe" ou "Uruçumirim", apresentava-se abrupto sobre o mar e era o local, descrito por Mem de Sá, onde se encontrava a "fortaleza de biroaçumirim...com muitos franceses e artilharia."
As terras com o nome de Chácara do Oriente, compreendendo o Outeiro, pertenciam a Cláudio Gurgel do Amaral e foram doadas à Nossa Senhora em escritura pública de 20 de junho de 1699, com a condição de ser edificada uma capela permanente, e que nela fossem sepultados o doador e seus descendentes. Pelo contexto da escritura depreende-se que em 1699 já havia uma Irmandade para cultuar Nossa Senhora da Glória, confraria que segundo o "Santuário Mariano" possuía, em 1714, "quantidade de dinheiro para dar princípio a uma nova e grande igreja de pedra e cal, porque a primeira que se fez foi de madeira e barro."
A Irmandade de Nossa Senhora da Glória foi canonicamente instituída a 10 de outubro de 1739, ano em que se concluiu a construção do templo, por ato provisional do Bispo do Rio de Janeiro, Frei Antonio de Guadalupe, em resposta a uma petição dos Irmãos. 
A Igreja ganhou enorme prestígio quando da chegada da Corte Portuguesa, em 1808. A família Real tinha especial predileção por ela. Em 1819 a princesa Maria da Glória foi trazida por seu avô, D. João VI, para a cerimônia da consagração. A partir de então todos os membros da família Bragança, nascidos no Brasil, são consagrados na Igreja.
A 27 de dezembro de 1849 D. Pedro II outorgou o título de "Imperial" à Irmandade. Após esta data todos seus descendentes nascidos no Brasil são membros da mesma. O advento da República respeitou esta outorga. 
Durante o governo de Getúlio Vargas foi declarada "Monumento Nacional", e como tal tombada pelo Decreto-Lei de 25 de abril de 1937, que preserva os bens de valor artístico e histórico. 
O tombamento ocorreu a 17 de março de 1938, inscrito no Livro Tombo do Ministério de Educação e assinado por Rodrigo de Mello Franco de Andrade. A 1° de novembro de 1950 o Papa Pio XII conferiu à Igreja da Glória o título de "Basílica Nacional da Assunção".
É o Outeiro da Glória local dos mais importantes para a história da cidade do Rio de Janeiro. Excelentemente colocado topograficamente, com o mar batendo nas suas bases foi testemunha silenciosa, a 20 de janeiro de 1567, dia de São Sebastião, da expulsão dos franceses, naquela ocasião comandados por Bois-le-Conte, sobrinho de Villegaignon – que queriam lançar os alicerces do calvinismo e fazer uma Henryville por aqui, pelas naus católicas dos portugueses, comandados pelo Capitão Mór Estácio de Sá, que saiu mortalmente ferido dessa batalha.
Estácio de Sá fundara a cidade do Rio de Janeiro, cujo nome passou a ser São Sebastião do Rio de Janeiro, após a vitória do dia 20 de março de 1867.

Antônio de Caminha natural de Aveiro, Portugal, vivia no Rio de Janeiro, sem ambição de ouro, cuidava de servir e andava vestido de hábito de Terceiros de São Francisco. 
Era ele insigne escultor, e o autor da imagem da Senhora que se venerava na ermida. Fez também outra imagem, igual à primeira, para ser enviada à sua pátria e ser oferecida ao Rei D. João V, e solicitou para isto autorização ao Bispo, tendo este negado por julgar querer o ermitão levar objetos doados à Senhora da Glória por devotos cariocas. Não obstante, a imagem foi embarcada na nau Falcão, em 1708.

Vista do pátio da igreja durante e viagem sobreveio uma tempestade, a nau naufragou, e o caixote com a imagem foi dar em uma praia da cidade de Lagos, no Algarve, sendo recolhida pelos frades Capuchinhos ao seu Convento. É aquela imagem que ali se venera até hoje. Atendendo a sua celebridade uma moldagem da referida escultura foi feita há alguns anos, em Portugal, e trazida para um nicho novamente aberto no muro, entre as duas escadas de acesso ao adro de Igreja de N. Senhora da Glória do Outeiro, por iniciativa do então Provedor Antônio Afranio da Costa.


Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
outeirodagloria.org.br
a12.com
marceloborgongino.blogspot.com.br



---